20 de novembro - Dia da Consciência Negra

20 de novembro - Dia da Consciência Negra

Comemora-se no dia 20 de novembro, o "Dia Nacional da Consciência Negra". Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares. A escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de maio: "Os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse".( Flávio Gomes )

Pela Lei nº10.639 toda instituição de ensino fundamental e médio, pública e particular, deve incluir o assunto Cultura Negra no currículo. Contudo, em muitos lugares, após quatro anos de sua aprovação, a lei é ainda ignorada. Muitas vezes simplesmente por falta de capacitação de professores.


As mudanças não estão ocorrendo apenas na parte estrutural, mas também são sentidas na pele por alunos e professores. Estes, agora, têm de buscar atualizações, cursos de extensão e etc; aqueles, terão que se acostumar a conhecer novas culturas e histórias diferentes das quais estamos expostos todos os dias.

NAS ESCOLAS: MUITA PROPOSTA E POUCA MUDANÇA




No início de seu mandato o presidente Lula aprovou a inclusão do Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar e tornou obrigatório o ensino de história da África nas escolas públicas e particulares do país. Embora a decisão tenha sido comemorada, alguns pesquisadores ressaltam que existem obstáculos a serem ultrapassados para que a proposta se transforme em realidade. "Em geral, a história dada segue o livro didático e ele é insuficiente para dar conta de uma forma mais ampla e crítica de toda a história", ressalta Vasconcelos. Essa avaliação da historiadora é confirmada pela professora de história Ivanir Maia, da rede estadual paulista. "A maioria dos professores se orienta pelo livro didático para trabalhar os conteúdos em sala de aula. Nos livros de história, por exemplo, o negro aparece basicamente em dois momentos: ao falar de abolição da escravatura e do apartheid".



Campos destaca que alguns livros didáticos de história têm sido mais generosos ao retratar a "história dos vencidos", mas ressalta que a maioria, inclusive os livros ligados a sua área - a geografia -, continua a veicular os fatos sociais de forma depreciativa, seja referente ao Brasil ou a África. "Encontramos com fartura os elementos de modo civilizatório ocidental como a única verdade que merece maiores considerações", exemplifica. Uma iniciativa importante que ocorreu nesse período foi o controle dos livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), visando evitar a distribuição de livros contendo erros conceituais e representações negativas sobre determinados indivíduos e grupos. Mas, na opinião de Garcia, seria necessário exigir uma maior revisão nessas obras: "os livros didáticos precisariam abordar a participação do povo negro na construção do país, na construção da riqueza nacional, na acumulação do capital e também as suas batalhas, rebeliões, quilombos e suas lutas mais contemporâneas".



Paula Cristina da Silva Barreto, professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, destaca que, além dos livros didáticos, outro foco importante são as propostas de mudança na formação dos professores. "Foi tímido o trabalho feito pelo MEC nessa direção até o momento", critica a pesquisadora. Na avaliação dela, sem professores bem preparados para abordar temas complexos, como os abordados nos PCNs, "é muito difícil obter sucesso com a alteração curricular e existe uma grande probabilidade de que as escolas não coloquem em prática o que foi proposto". Os baixos salários pagos e as condições de trabalho desanimadoras nas escolas são fatores também destacados pelos pesquisadores como possíveis responsáveis pelo pequeno envolvimento dos professores com propostas que visam abordar a diversidade étnica e problematizar a questão do negro no Brasil no interior das escolas.


"É preciso entender que a desigualdade no Brasil tem cor, nome e história. Esse não é um problema dos negros no Brasil, mas sim um problema do Brasil, que é de negros, brancos e outros mais".




DICAS:



A cultura africana oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento. Se a escola não inclui esses conteúdos no planejamento, cada professor pode colocar um pouco de África em seu plano de ensino:



Língua Portuguesa:



- Para mostrar a influência dos falares africanos no Brasil, você pode usar as palavras de origem banta já incorporadas ao nosso vocabulário.



- Leve para sala de aula lendas africanas e histórias que tratem de diversidade.



- Use livros como Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, O Pássaro-da-Chuva, de Kersti Chaplet, e o gibi Zumbi dos Palmares (produzido em 2001 pela Editora Lake é distribuído gratuitamente) para atividades de leitura e escrita.



- Familiares dos alunos afro-descendentes podem ser convidados para contar histórias de sua vida, informações que serão transformadas em texto.



Artes:



- Podem ser trabalhados conceitos de arte abstrata e geometrismo, danças, mitos e adereços e máscaras, relacionando essas produções às manifestações artísticas do continente europeu.



O desafio é não resvalar no preconceito nem cair no encantamento do exótico.



Educação Física:



- Usar o iitop, o mbube-mbube (ou o tigre e o impala) e a mamba, e jogos como o yote e a mancala. Iniciar contando a história do jogo e os valores da cultura africana presentes em cada um.



Língua Estrangeira:



- Mesmo quando o idioma a ser aprendido é o inglês ou o espanhol, é possível inserir a cultura africana e afro-descendente.Uma boa idéia é levar para suas turmas letras de músicas do afro-descendente jamaicano Bob Marley e de outros cantores negros e textos em inglês sobre a vida de lideranças como os americanos Malcom X e Martin Luther King.



Ciências:



- Mencionar a evolução das espécies, esclarecendo que biologicamente todos os seres humanos são parecidos e que as pequenas diferenças físicas não interferem na capacidade intelectual.



História:



- É fundamental fazer a comparação com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje.



Atualidade:



- Miséria, epidemias e guerras civis existem hoje nos diversos países da África.Mas também estão presentes em outros lugares. Usando notícias de jornal e livros, dicutir com as turmas as guerras civis em Angola e em Ruanda, a fome e a epidemia de Aids.



Geografia:



- Localize em mapas os diversos povos que vieram para o Brasil e as riquezas de cada região, principalmente as minas de ouro e diamantes, para a turma entender os motivos da exploração.



- Ao falar sobre os diversos povos, é possível destacar as contribuições de cada um para a economia do Brasil Colônia.



Educação Infantil:



- Pesquisa em jornais e revistas das palavras: Trabalho, escravo, Brasil, Portugal e África.

- Identificação de palavras pesquisadas através de caça-palavras

- Leitura do texto “Zumbi pensava diferente”

- Observação do mapa mundi para localização do Brasil, África, Portugal.

- Decomposição da palavra PALMARES para formação de novas palavras.

- Roda de conserva enfocando a diferença entre o dia 13 de maio e o dia 20 de novembro

- Tentativa de escrita de palavras

- Registro de numerais comparando quantidades

- Exploração do calendário mensal

- Exploração do calendário anual com observação de datas que marcam a história de negro

- Construção de um glossário com palavra de origem africana

- Rodas de conversa enfocando a irmandade dos homens, que todos somos iguais.

- Exposição de ervas presentes principalmente na cultura afro

- Contagem de número de letras das palavras

- Localização identificando distâncias: Perto longe a partir da fala do narrador ao afirmar que os negros cativos vinham de muito longe.

- Pesquisa de gravuras ou fotos que demonstrem atos fraternos entre brancos e negros.

- Audição da música “O conto das três Raças” (Clara Nunes) entre outras.

- Exploração de sons afros: tambor, atabaque, berimbau.

- Ilustração da História Tempo de Escravidão (através de pintura com guache)

- Confecção de fantoches com perfil afro;

- Construção de retrato étnico da turma: produção de mural com fotos e frases que traduzem as características étnicas e culturais das crianças;

- Formação de painel coletivo com personalidades negras que alcançaram a fama;

- Construção de maquete de um quilombo;

- Confecção de chocalhos, atabaque e berimbau.



Literatura: Sugerimos as histórias: O ratinho branco e o grilo sem Asas; Menina bonita do laço de fita e a lenda Negrinho do Pastoreio.



"A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei".






20 de novembro - Dia da Consciência Negra

Comemora-se no dia 20 de novembro, o "Dia Nacional da Consciência Negra". Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares. A escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de maio: "Os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse".( Flávio Gomes )

Pela Lei nº10.639 toda instituição de ensino fundamental e médio, pública e particular, deve incluir o assunto Cultura Negra no currículo. Contudo, em muitos lugares, após quatro anos de sua aprovação, a lei é ainda ignorada. Muitas vezes simplesmente por falta de capacitação de professores.


As mudanças não estão ocorrendo apenas na parte estrutural, mas também são sentidas na pele por alunos e professores. Estes, agora, têm de buscar atualizações, cursos de extensão e etc; aqueles, terão que se acostumar a conhecer novas culturas e histórias diferentes das quais estamos expostos todos os dias.

NAS ESCOLAS: MUITA PROPOSTA E POUCA MUDANÇA




No início de seu mandato o presidente Lula aprovou a inclusão do Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar e tornou obrigatório o ensino de história da África nas escolas públicas e particulares do país. Embora a decisão tenha sido comemorada, alguns pesquisadores ressaltam que existem obstáculos a serem ultrapassados para que a proposta se transforme em realidade. "Em geral, a história dada segue o livro didático e ele é insuficiente para dar conta de uma forma mais ampla e crítica de toda a história", ressalta Vasconcelos. Essa avaliação da historiadora é confirmada pela professora de história Ivanir Maia, da rede estadual paulista. "A maioria dos professores se orienta pelo livro didático para trabalhar os conteúdos em sala de aula. Nos livros de história, por exemplo, o negro aparece basicamente em dois momentos: ao falar de abolição da escravatura e do apartheid".



Campos destaca que alguns livros didáticos de história têm sido mais generosos ao retratar a "história dos vencidos", mas ressalta que a maioria, inclusive os livros ligados a sua área - a geografia -, continua a veicular os fatos sociais de forma depreciativa, seja referente ao Brasil ou a África. "Encontramos com fartura os elementos de modo civilizatório ocidental como a única verdade que merece maiores considerações", exemplifica. Uma iniciativa importante que ocorreu nesse período foi o controle dos livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), visando evitar a distribuição de livros contendo erros conceituais e representações negativas sobre determinados indivíduos e grupos. Mas, na opinião de Garcia, seria necessário exigir uma maior revisão nessas obras: "os livros didáticos precisariam abordar a participação do povo negro na construção do país, na construção da riqueza nacional, na acumulação do capital e também as suas batalhas, rebeliões, quilombos e suas lutas mais contemporâneas".



Paula Cristina da Silva Barreto, professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, destaca que, além dos livros didáticos, outro foco importante são as propostas de mudança na formação dos professores. "Foi tímido o trabalho feito pelo MEC nessa direção até o momento", critica a pesquisadora. Na avaliação dela, sem professores bem preparados para abordar temas complexos, como os abordados nos PCNs, "é muito difícil obter sucesso com a alteração curricular e existe uma grande probabilidade de que as escolas não coloquem em prática o que foi proposto". Os baixos salários pagos e as condições de trabalho desanimadoras nas escolas são fatores também destacados pelos pesquisadores como possíveis responsáveis pelo pequeno envolvimento dos professores com propostas que visam abordar a diversidade étnica e problematizar a questão do negro no Brasil no interior das escolas.


"É preciso entender que a desigualdade no Brasil tem cor, nome e história. Esse não é um problema dos negros no Brasil, mas sim um problema do Brasil, que é de negros, brancos e outros mais".




DICAS:



A cultura africana oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento. Se a escola não inclui esses conteúdos no planejamento, cada professor pode colocar um pouco de África em seu plano de ensino:



Língua Portuguesa:



- Para mostrar a influência dos falares africanos no Brasil, você pode usar as palavras de origem banta já incorporadas ao nosso vocabulário.



- Leve para sala de aula lendas africanas e histórias que tratem de diversidade.



- Use livros como Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, O Pássaro-da-Chuva, de Kersti Chaplet, e o gibi Zumbi dos Palmares (produzido em 2001 pela Editora Lake é distribuído gratuitamente) para atividades de leitura e escrita.



- Familiares dos alunos afro-descendentes podem ser convidados para contar histórias de sua vida, informações que serão transformadas em texto.



Artes:



- Podem ser trabalhados conceitos de arte abstrata e geometrismo, danças, mitos e adereços e máscaras, relacionando essas produções às manifestações artísticas do continente europeu.



O desafio é não resvalar no preconceito nem cair no encantamento do exótico.



Educação Física:



- Usar o iitop, o mbube-mbube (ou o tigre e o impala) e a mamba, e jogos como o yote e a mancala. Iniciar contando a história do jogo e os valores da cultura africana presentes em cada um.



Língua Estrangeira:



- Mesmo quando o idioma a ser aprendido é o inglês ou o espanhol, é possível inserir a cultura africana e afro-descendente.Uma boa idéia é levar para suas turmas letras de músicas do afro-descendente jamaicano Bob Marley e de outros cantores negros e textos em inglês sobre a vida de lideranças como os americanos Malcom X e Martin Luther King.



Ciências:



- Mencionar a evolução das espécies, esclarecendo que biologicamente todos os seres humanos são parecidos e que as pequenas diferenças físicas não interferem na capacidade intelectual.



História:



- É fundamental fazer a comparação com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje.



Atualidade:



- Miséria, epidemias e guerras civis existem hoje nos diversos países da África.Mas também estão presentes em outros lugares. Usando notícias de jornal e livros, dicutir com as turmas as guerras civis em Angola e em Ruanda, a fome e a epidemia de Aids.



Geografia:



- Localize em mapas os diversos povos que vieram para o Brasil e as riquezas de cada região, principalmente as minas de ouro e diamantes, para a turma entender os motivos da exploração.



- Ao falar sobre os diversos povos, é possível destacar as contribuições de cada um para a economia do Brasil Colônia.



Educação Infantil:



- Pesquisa em jornais e revistas das palavras: Trabalho, escravo, Brasil, Portugal e África.

- Identificação de palavras pesquisadas através de caça-palavras

- Leitura do texto “Zumbi pensava diferente”

- Observação do mapa mundi para localização do Brasil, África, Portugal.

- Decomposição da palavra PALMARES para formação de novas palavras.

- Roda de conserva enfocando a diferença entre o dia 13 de maio e o dia 20 de novembro

- Tentativa de escrita de palavras

- Registro de numerais comparando quantidades

- Exploração do calendário mensal

- Exploração do calendário anual com observação de datas que marcam a história de negro

- Construção de um glossário com palavra de origem africana

- Rodas de conversa enfocando a irmandade dos homens, que todos somos iguais.

- Exposição de ervas presentes principalmente na cultura afro

- Contagem de número de letras das palavras

- Localização identificando distâncias: Perto longe a partir da fala do narrador ao afirmar que os negros cativos vinham de muito longe.

- Pesquisa de gravuras ou fotos que demonstrem atos fraternos entre brancos e negros.

- Audição da música “O conto das três Raças” (Clara Nunes) entre outras.

- Exploração de sons afros: tambor, atabaque, berimbau.

- Ilustração da História Tempo de Escravidão (através de pintura com guache)

- Confecção de fantoches com perfil afro;

- Construção de retrato étnico da turma: produção de mural com fotos e frases que traduzem as características étnicas e culturais das crianças;

- Formação de painel coletivo com personalidades negras que alcançaram a fama;

- Construção de maquete de um quilombo;

- Confecção de chocalhos, atabaque e berimbau.



Literatura: Sugerimos as histórias: O ratinho branco e o grilo sem Asas; Menina bonita do laço de fita e a lenda Negrinho do Pastoreio.



"A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei".