O Transtorno do Processamento Sensorial no Autista

Resumidamente, o transtorno do processamento sensorial (TPS) é uma alteração na forma com que o cérebro recebe informações através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato, paladar, propriocepção, sistema vestibular e interocepção. Ao contrário do que aprendemos na escola, o ser humano não possui apenas 5 sentidos, mas sim 8. Os três não tão conhecidos são: o sistema vestibular, que se localiza no ouvido, e é responsável pelo nosso equilíbrio e percepção dos movimentos do nosso corpo. A propriocepção, que é responsável pelo reconhecimento do corpo no espaço. Sentir onde estão nossos membros sem precisar olhar. Também tem a função de manter o equilíbrio e o controle da musculatura, a quantidade de força que empregamos para realizar determinadas atividades. E a interocepção, responsável pela sensação de frio, calor, fome, uso do banheiro. Tudo que está relacionado a parte interna do nosso corpo.

O TPS é um diagnóstico separado do autismo. Isso significa que pessoas não autistas também podem apresentar. Porém, é mais comum em indivíduos com TEA e com TDAH. Pessoas com o transtorno podem ser hipersensíveis (evitam certos estímulos) e hiposensíveis (buscam por determinados estímulos). É bom lembrar que ninguém é 100% hiper ou hipo. Há uma mistura dos dois. Exemplo: indivíduos hipersensíveis na audição, mas hiposensíveis no tato.

Muitos comportamentos no autismo podem ser devido a parte sensorial, principalmente os considerados negativos. Pessoas que se auto-agridem, ou agridem os demais, podem fazer por dificuldade na comunicação, principalmente autistas não verbais, pois essa foi a forma que encontraram para se comunicar. Ou, pode ser devido a dificuldade sensoriais.

Aqueles que tem o hábito de lamber as coisas, morder. Se mordem e mordem os outros. Ou ainda, ficam mastigando a gola da camiseta, ou a manga da blusa, podem estar buscando estímulo na parte oral. Não vai adiantar ficar dizendo que não pode fazer, porque é uma necessidade que sentem. Aliás, uma observação sobre a palavra não. Várias pessoas autistas tem resistência extrema a essa palavra. Crianças neurotípicas normalmente possuem essa resistência porque ainda não amadureceram, mas no autista, ela pode se estender além do tempo considerado "normal" para os demais. As vezes, entram em crise quando a ouvem. Isso pode acontecer, devido a "quebra" brusca dos nossos mapas mentais. Pra toda atividade, criamos mapas mentais a fim de nos organizarmos na hora da realização. O não, desconstrói esse mapa, é como um baque. "O que eu faço agora se não posso fazer isso?" A pessoa se perde e fica insegura. Pode ser sugerido que ao invés de dizer: "Não morda a gola da camisa", se diga "Por que você não morde isso aqui? É bem melhor". Se observarmos, a segunda opção estará oferecendo uma alternativa para a pessoa inserir no seu mapa mental. A medida que ela for amadurecendo, no seu tempo, pode passar a saber lidar melhor com essa palavra.

Hoje em dia, existem lojas com brinquedos sensoriais, e dentre eles está mordedores, que pode ser usados como um colar e levado pra todo lugar. O indivíduo será orientado de que quando sentir vontade de morder ou lamber, ele pode fazer isso com o brinquedo. Esses brinquedos também pode ser utilizado por adultos, pois não possuem uma aparência infantil.


Autistas que gostam de balançar, girar, ou ver objetos que giram, estão buscando por estímulos visuais, pois são hiposensíveis no sentido vestibular. Por isso muitos gostam de olhar o ventilador, ou a máquina de lavar funcionando. Em contrapartida, há outros que não suportam brincar em balanços, ou ver algo rodando, porque são hipersensíveis nesse sistema, logo, evitam o estímulo. Por esse motivo, não se pode generalizar alguns comportamentos no TEA, como "Todo autista ama ventilador", depende do sensorial.

Há pessoas com TEA que gostam muito de pular, bater, bater com as mãos em móveis, até mesmo se bater e bater em terceiros. Elas podem estar buscando sentir o corpo, e o impacto se torna prazeroso. Quanto a dar tapas nos móveis ou paredes, eu não vejo problema. Faço isso em algumas vezes que estou necessitando sentir o meu corpo ( a não ser que esteja machucando a mão, aí é diferente). Já se bater, ou fazer isso com os outros, passa a ser algo pra intervir. O adulto, ou criança podem ser direcionados, para quando quiserem realizar esse movimento, fazer com uma bola. Quicar a bola é ótimo, principalmente se for aquelas bem grandes e macias. Além de satisfazer a necessidade, ainda trabalha a coordenação motora. Ou ainda, bater em almofadas, na cama. Sempre buscar meios alternativos.
Pra quem sobre em coisas e pula, pode ser direcionado a fazer isso em um pula pula, ou sentado em bolas como as de pilates.

Alguns autistas que possuem atitudes como se arranhar, beliscar, morder, bater com a cabeça na parede, se bater, e se esses comportamentos não tem relação com a tentativa de comunicação, com o estímulo da parte oral, nem com a parte de sentir o impacto, podem estar fazendo, porque também estão tentando sentir o corpo, mas mais especificamente a pressão no corpo. Também é um déficit na propriocepção. Bater com a cabeça pode levar ao prazer, pois é uma forma de pressão. Eu sinto muita necessidade de pressão no meu corpo, principalmente na cabeça. Pra isso, eu uso abafador de ouvido daqueles estofados, de operadores de máquina, que são bem justos e aliviam essa necessidade insuportável, sem machucar. Outra alternativa, são as roupas justas. Calças legging, algo que sentimos o tempo todo. Algumas mães enrolam a criança em um edredom pra se aliviarem. A autista Dra Temple Grandin, até inventou sua máquina do abraço, pra sentir esse aperto, sem necessariamente precisar do contato físico. Coletes com peso também são uma alternativa usada.

A seletividade alimentar que é uma dificuldade que vários de nós possuímos e também esta relacionada ao processamento sensorial. Alguns autistas só comem comidas crocantes, outros, pastosas. Há ainda os que comem cada alimento em um prato e os que comem com tudo no mesmo prato, mas que não toleram que as comidas diferente se encostem. Existem aqueles que comem um alimento de cada vez, outros misturam tudo, inclusive doce com salgado. Muitos não comem nada de uma determinada cor e forma, ou comem sempre as mesmas coisas. Há autistas que até certa idade comiam de tudo, depois começam a rejeitar. Enfim, cada um vai demonstrar essa seletividade de uma forma.
É bom esclarecer que isso não é frescura, é realmente uma dificuldade que temos com a parte visual, olfato e com a textura dos alimentos.
A maiorias das pessoas escolhem a comida que apreciam através do paladar, alguns nem prestam atenção na textura, ou não observam a aparência, focam sempre no gosto. Com o autista, geralmente é o contrário, prestamos mais atenção na aparência, cheiro e textura do que no gosto. Alguns alimentos podem ter gosto bom, mas a consistência é desagradável na boca, o cheiro é muito forte, ou a aparência é estranha aos olhos. Pode até lembrar algo desagradável.
Também acho curioso quando as pessoas dizem “Você só come isso, não enjoa?” Eu enjoo, mas eu demoro muito tempo pra isso. Esse comer sempre as mesmas coisas, faz parte das repetições que tanto gostamos. Repetimos tudo, até os alimentos. Não deixa de ser uma forma de rotina.
Introduzir novos alimentos no cardápio de um autista, pode ser uma tarefa dificil, que necessita muita persistência, mas não é impossível. Deve ser feito aos poucos (não adianta de um dia para o outro encher o prato da pessoa com o que ele não tolera, que não vai funcionar). Bom colocar em um prato separado de início, pra depois por no prato dela. Assim, vai ter tempo pra se acostumar. Lembrar sempre da parte visual, que agrade, do cheiro e da textura. As vezes a textura de uma fruta não é tolerável, mas se for feito um suco, o indivíduo pode gostar. As vezes um pedaço inteiro de carne incomoda pra ver, mas se for cortada em pedacinhos pequenos, funciona. O segredo é não desistir. Tentar de todas as formas.

*Uma observação. Muitas vezes. a criança, ou adulto tem dificuldade pra comer em certos lugares, ou realizar determinadas atividades, porque ele não foi ensinado a fazer o que deve ser feito, em vários ambientes. Exemplo: você ensina a pessoa a usar o banheiro, mas só ensina na sua casa, imaginando que ela vai generalizar que se deve usar o banheiro em todo lugar. Porem, ela pode não entender isso. Ela pode criar um mapa mental de que se usa o banheiro somente em casa porque foi onde você ensinou, então, em outros ambientes, ela vai segurar, ou fazer na roupa, no chão. Isso serve pra tudo, sempre que for ensinada uma atividade nova, ela deve ser praticada em todos os ambientes que precisará ser realizada.

As pessoas necessitam ter em mente que todo comportamento tem um motivo. Por mais "estranho" que aparente, ele esta sendo feito porque há uma necessidade por trás. Desse modo, observar o autista que você tem contato é a melhor forma de descobrir esses motivos. Usar de estratégias, não pra eliminar a necessidade, mas pra direcionar pra algo não prejudicial e que terá o mesmo efeito. A terapia ocupacional também é de grande auxílio para indivíduos com TPS.


Resumidamente, o transtorno do processamento sensorial (TPS) é uma alteração na forma com que o cérebro recebe informações através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato, paladar, propriocepção, sistema vestibular e interocepção. Ao contrário do que aprendemos na escola, o ser humano não possui apenas 5 sentidos, mas sim 8. Os três não tão conhecidos são: o sistema vestibular, que se localiza no ouvido, e é responsável pelo nosso equilíbrio e percepção dos movimentos do nosso corpo. A propriocepção, que é responsável pelo reconhecimento do corpo no espaço. Sentir onde estão nossos membros sem precisar olhar. Também tem a função de manter o equilíbrio e o controle da musculatura, a quantidade de força que empregamos para realizar determinadas atividades. E a interocepção, responsável pela sensação de frio, calor, fome, uso do banheiro. Tudo que está relacionado a parte interna do nosso corpo.

O TPS é um diagnóstico separado do autismo. Isso significa que pessoas não autistas também podem apresentar. Porém, é mais comum em indivíduos com TEA e com TDAH. Pessoas com o transtorno podem ser hipersensíveis (evitam certos estímulos) e hiposensíveis (buscam por determinados estímulos). É bom lembrar que ninguém é 100% hiper ou hipo. Há uma mistura dos dois. Exemplo: indivíduos hipersensíveis na audição, mas hiposensíveis no tato.

Muitos comportamentos no autismo podem ser devido a parte sensorial, principalmente os considerados negativos. Pessoas que se auto-agridem, ou agridem os demais, podem fazer por dificuldade na comunicação, principalmente autistas não verbais, pois essa foi a forma que encontraram para se comunicar. Ou, pode ser devido a dificuldade sensoriais.

Aqueles que tem o hábito de lamber as coisas, morder. Se mordem e mordem os outros. Ou ainda, ficam mastigando a gola da camiseta, ou a manga da blusa, podem estar buscando estímulo na parte oral. Não vai adiantar ficar dizendo que não pode fazer, porque é uma necessidade que sentem. Aliás, uma observação sobre a palavra não. Várias pessoas autistas tem resistência extrema a essa palavra. Crianças neurotípicas normalmente possuem essa resistência porque ainda não amadureceram, mas no autista, ela pode se estender além do tempo considerado "normal" para os demais. As vezes, entram em crise quando a ouvem. Isso pode acontecer, devido a "quebra" brusca dos nossos mapas mentais. Pra toda atividade, criamos mapas mentais a fim de nos organizarmos na hora da realização. O não, desconstrói esse mapa, é como um baque. "O que eu faço agora se não posso fazer isso?" A pessoa se perde e fica insegura. Pode ser sugerido que ao invés de dizer: "Não morda a gola da camisa", se diga "Por que você não morde isso aqui? É bem melhor". Se observarmos, a segunda opção estará oferecendo uma alternativa para a pessoa inserir no seu mapa mental. A medida que ela for amadurecendo, no seu tempo, pode passar a saber lidar melhor com essa palavra.

Hoje em dia, existem lojas com brinquedos sensoriais, e dentre eles está mordedores, que pode ser usados como um colar e levado pra todo lugar. O indivíduo será orientado de que quando sentir vontade de morder ou lamber, ele pode fazer isso com o brinquedo. Esses brinquedos também pode ser utilizado por adultos, pois não possuem uma aparência infantil.


Autistas que gostam de balançar, girar, ou ver objetos que giram, estão buscando por estímulos visuais, pois são hiposensíveis no sentido vestibular. Por isso muitos gostam de olhar o ventilador, ou a máquina de lavar funcionando. Em contrapartida, há outros que não suportam brincar em balanços, ou ver algo rodando, porque são hipersensíveis nesse sistema, logo, evitam o estímulo. Por esse motivo, não se pode generalizar alguns comportamentos no TEA, como "Todo autista ama ventilador", depende do sensorial.

Há pessoas com TEA que gostam muito de pular, bater, bater com as mãos em móveis, até mesmo se bater e bater em terceiros. Elas podem estar buscando sentir o corpo, e o impacto se torna prazeroso. Quanto a dar tapas nos móveis ou paredes, eu não vejo problema. Faço isso em algumas vezes que estou necessitando sentir o meu corpo ( a não ser que esteja machucando a mão, aí é diferente). Já se bater, ou fazer isso com os outros, passa a ser algo pra intervir. O adulto, ou criança podem ser direcionados, para quando quiserem realizar esse movimento, fazer com uma bola. Quicar a bola é ótimo, principalmente se for aquelas bem grandes e macias. Além de satisfazer a necessidade, ainda trabalha a coordenação motora. Ou ainda, bater em almofadas, na cama. Sempre buscar meios alternativos.
Pra quem sobre em coisas e pula, pode ser direcionado a fazer isso em um pula pula, ou sentado em bolas como as de pilates.

Alguns autistas que possuem atitudes como se arranhar, beliscar, morder, bater com a cabeça na parede, se bater, e se esses comportamentos não tem relação com a tentativa de comunicação, com o estímulo da parte oral, nem com a parte de sentir o impacto, podem estar fazendo, porque também estão tentando sentir o corpo, mas mais especificamente a pressão no corpo. Também é um déficit na propriocepção. Bater com a cabeça pode levar ao prazer, pois é uma forma de pressão. Eu sinto muita necessidade de pressão no meu corpo, principalmente na cabeça. Pra isso, eu uso abafador de ouvido daqueles estofados, de operadores de máquina, que são bem justos e aliviam essa necessidade insuportável, sem machucar. Outra alternativa, são as roupas justas. Calças legging, algo que sentimos o tempo todo. Algumas mães enrolam a criança em um edredom pra se aliviarem. A autista Dra Temple Grandin, até inventou sua máquina do abraço, pra sentir esse aperto, sem necessariamente precisar do contato físico. Coletes com peso também são uma alternativa usada.

A seletividade alimentar que é uma dificuldade que vários de nós possuímos e também esta relacionada ao processamento sensorial. Alguns autistas só comem comidas crocantes, outros, pastosas. Há ainda os que comem cada alimento em um prato e os que comem com tudo no mesmo prato, mas que não toleram que as comidas diferente se encostem. Existem aqueles que comem um alimento de cada vez, outros misturam tudo, inclusive doce com salgado. Muitos não comem nada de uma determinada cor e forma, ou comem sempre as mesmas coisas. Há autistas que até certa idade comiam de tudo, depois começam a rejeitar. Enfim, cada um vai demonstrar essa seletividade de uma forma.
É bom esclarecer que isso não é frescura, é realmente uma dificuldade que temos com a parte visual, olfato e com a textura dos alimentos.
A maiorias das pessoas escolhem a comida que apreciam através do paladar, alguns nem prestam atenção na textura, ou não observam a aparência, focam sempre no gosto. Com o autista, geralmente é o contrário, prestamos mais atenção na aparência, cheiro e textura do que no gosto. Alguns alimentos podem ter gosto bom, mas a consistência é desagradável na boca, o cheiro é muito forte, ou a aparência é estranha aos olhos. Pode até lembrar algo desagradável.
Também acho curioso quando as pessoas dizem “Você só come isso, não enjoa?” Eu enjoo, mas eu demoro muito tempo pra isso. Esse comer sempre as mesmas coisas, faz parte das repetições que tanto gostamos. Repetimos tudo, até os alimentos. Não deixa de ser uma forma de rotina.
Introduzir novos alimentos no cardápio de um autista, pode ser uma tarefa dificil, que necessita muita persistência, mas não é impossível. Deve ser feito aos poucos (não adianta de um dia para o outro encher o prato da pessoa com o que ele não tolera, que não vai funcionar). Bom colocar em um prato separado de início, pra depois por no prato dela. Assim, vai ter tempo pra se acostumar. Lembrar sempre da parte visual, que agrade, do cheiro e da textura. As vezes a textura de uma fruta não é tolerável, mas se for feito um suco, o indivíduo pode gostar. As vezes um pedaço inteiro de carne incomoda pra ver, mas se for cortada em pedacinhos pequenos, funciona. O segredo é não desistir. Tentar de todas as formas.

*Uma observação. Muitas vezes. a criança, ou adulto tem dificuldade pra comer em certos lugares, ou realizar determinadas atividades, porque ele não foi ensinado a fazer o que deve ser feito, em vários ambientes. Exemplo: você ensina a pessoa a usar o banheiro, mas só ensina na sua casa, imaginando que ela vai generalizar que se deve usar o banheiro em todo lugar. Porem, ela pode não entender isso. Ela pode criar um mapa mental de que se usa o banheiro somente em casa porque foi onde você ensinou, então, em outros ambientes, ela vai segurar, ou fazer na roupa, no chão. Isso serve pra tudo, sempre que for ensinada uma atividade nova, ela deve ser praticada em todos os ambientes que precisará ser realizada.

As pessoas necessitam ter em mente que todo comportamento tem um motivo. Por mais "estranho" que aparente, ele esta sendo feito porque há uma necessidade por trás. Desse modo, observar o autista que você tem contato é a melhor forma de descobrir esses motivos. Usar de estratégias, não pra eliminar a necessidade, mas pra direcionar pra algo não prejudicial e que terá o mesmo efeito. A terapia ocupacional também é de grande auxílio para indivíduos com TPS.