Refrigerante e Acetona
Toda vez que eu ia ao salão de uma amiga fazer a unha, eu me divertia com a filhinha dela, uma garotinha linda e esperta, com um pouco mais de três anos, que sempre ficava perto de mim, mexendo nas minhas coisas e me fazendo mil perguntas.
Houve um dia em que ela estava mais agitada do que o normal e insistia com a mãe que lhe comprasse refrigerante. A mãe dizia que estava sem dinheiro, que depois comprava, mas a pequena não desistia.
Eu achava muita graça na “língua embolada” dela ao tentar pronunciar a palavra “refrigerante”, daí tive uma ideia:
- Débora, se você falar a palavra REFRIGERANTE bem certinho, a tia lhe dá 1 real.
Ela arregalou os olhos e se iluminou num sorriso. Então começou:
- REFIGERANTE... RIFREGIRANTE...
Nada de a bichinha conseguir. Então, aumentei a oferta:
- Boneca, se você conseguir, serão 2 reais.
E tirei o dinheiro da bolsa.
Foi aí que ela me olhou, visivelmente desesperada, e perguntou:
- Tia, será que eu posso falar ACETONA?
Todos desataram a rir no salão, inclusive eu.
E, ao lhe dar os dois reais de bom grado, eu não estava fazendo apologia ao fracasso nem o fiz por piedade!
Ela ganhou os dois reais pela inteligência do seu raciocínio, pela humildade de admitir que não ia conseguir e pela disposição para negociar.
Aquela criaturinha inocente me ensinou tantas lições e nem faz ideia!
A vida nos coloca muitos desafios, mas nem sempre seremos vencedores. Só que às vezes se esquecem de nos dizer que fracassos não são o fim do mundo, que a gente pode tentar várias vezes, pode negociar... E pode até desistir pra tentar outros caminhos!
Admitir fraquezas não é vergonha. Vergonha é mentir, dissimular, fazer propaganda enganosa! Admitir e conhecer fraquezas são os melhores exercícios para saná-las!
O mundo é muito pequeno para os “coitadinhos inveterados” ou para os que se acham bons demais para continuar aprendendo. Os inflexíveis também estão perdendo espaço.
Ainda que você não seja o melhor, você pode dar o seu melhor. A pessoas assim, algumas portas até se fecham, mas não ficam fechadas para sempre.
Lídia Vasconcelos
Refrigerante e Acetona
Toda vez que eu ia ao salão de uma amiga fazer a unha, eu me divertia com a filhinha dela, uma garotinha linda e esperta, com um pouco mais de três anos, que sempre ficava perto de mim, mexendo nas minhas coisas e me fazendo mil perguntas.
Houve um dia em que ela estava mais agitada do que o normal e insistia com a mãe que lhe comprasse refrigerante. A mãe dizia que estava sem dinheiro, que depois comprava, mas a pequena não desistia.
Eu achava muita graça na “língua embolada” dela ao tentar pronunciar a palavra “refrigerante”, daí tive uma ideia:
- Débora, se você falar a palavra REFRIGERANTE bem certinho, a tia lhe dá 1 real.
Ela arregalou os olhos e se iluminou num sorriso. Então começou:
- REFIGERANTE... RIFREGIRANTE...
Nada de a bichinha conseguir. Então, aumentei a oferta:
- Boneca, se você conseguir, serão 2 reais.
E tirei o dinheiro da bolsa.
Foi aí que ela me olhou, visivelmente desesperada, e perguntou:
- Tia, será que eu posso falar ACETONA?
Todos desataram a rir no salão, inclusive eu.
E, ao lhe dar os dois reais de bom grado, eu não estava fazendo apologia ao fracasso nem o fiz por piedade!
Ela ganhou os dois reais pela inteligência do seu raciocínio, pela humildade de admitir que não ia conseguir e pela disposição para negociar.
Aquela criaturinha inocente me ensinou tantas lições e nem faz ideia!
A vida nos coloca muitos desafios, mas nem sempre seremos vencedores. Só que às vezes se esquecem de nos dizer que fracassos não são o fim do mundo, que a gente pode tentar várias vezes, pode negociar... E pode até desistir pra tentar outros caminhos!
Admitir fraquezas não é vergonha. Vergonha é mentir, dissimular, fazer propaganda enganosa! Admitir e conhecer fraquezas são os melhores exercícios para saná-las!
O mundo é muito pequeno para os “coitadinhos inveterados” ou para os que se acham bons demais para continuar aprendendo. Os inflexíveis também estão perdendo espaço.
Ainda que você não seja o melhor, você pode dar o seu melhor. A pessoas assim, algumas portas até se fecham, mas não ficam fechadas para sempre.
Lídia Vasconcelos