Hipóteses de escrita de alunos pré-silábicos e silábicos: como fazê-los avançar
Veja sugestões de práticas de leitura e escrita para os alunos avançarem na alfabetização inicial...
Uma
das tarefas mais difíceis na Alfabetização é planejar e produzir
atividades que possam atender alunos de diferentes hipóteses de escrita.
Isso se torna ainda mais desafiador diante de alunos pré-silábicos e silábicos sem e com valor sonoro, que estão no início do processo de Alfabetização.
Se não levarmos em conta a heterogeneidade
de nossas turmas, corremos o risco de oferecer atividades inadequadas,
que não contribuem para a progressão de sua aprendizagem, seja porque
são muito fáceis e não oferecem um desafio; seja porque são difíceis
demais e demandam mais esforço cognitivo. Devemos evitar atividades que
não levam em conta o que a criança pensa e como ela concebe a escrita em
sua fase de desenvolvimento.
Hipótese pré-silábica
Esses
alunos ainda não compreendem a correspondência entre o falado e o
escrito. Sua leitura é feita de forma global, com o dedo deslizando por
toda a escrita, de forma contínua. A escrita do aluno, nessa hipótese, pode ser grafada com letras, desenhos e outros símbolos.
Dentro dessa hipótese de escrita, os alunos inicialmente escrevem
sem se preocupar com a quantidade de letras e com que letras ou
símbolos deve escrever. Também não se preocupam com a diferença que
existe entre essas letras e símbolos. Depois, passam a pensar que para
escrever é preciso ter uma quantidade mínima de letras ou símbolos, com
variações, dentro da palavra, mas não entre uma palavra e outra. Quando
vai avançando dentro dessa hipótese, passa a pensar que, para escrever,
precisamos de uma quantidade mínima de letras ou símbolos, e que eles
têm variações dentro da palavra e entre uma palavra e outra.
Hipótese silábica
Os alunos que estão nessa hipótese passam por uma significativa evolução, pois compreendem que a escrita é a representação da fala e estabelecem
relação entre grafemas e fonemas, percebendo os sons da sílaba e
atribuindo a cada sílaba uma letra, que pode ou não ter o valor sonoro
convencional.
Com
Emília Ferreiro, passamos a compreender melhor a importância de se
propor a interação entre alunos em diferentes hipóteses, pois eles
aprendem e se desenvolvem a partir desse confronto, durante as
interações e nas relações estabelecidas em práticas de linguagem
significativas.
Nossa
prática educativa deve prever e oportunizar momentos para esses alunos
em diferentes hipóteses. Nosso foco deve ser no que eles já sabem, e não
no que eles ainda não sabem. Essas atividades devem ser organizadas e
desenvolvidas levando em conta os agrupamentos produtivos.
A
seguir, indico duas atividades que envolvem leitura e escrita para
alunos que se encontram nas hipóteses pré-silábico e silábico:
Escrita de lista: Nomes dos alunos da turma
Os
alunos devem escrever uma lista com nomes da turma. Eles serão
utilizados também para consulta na hora de etiquetar materiais
escolares. A atividade deve ser realizada em duplas. O aluno
pré-silábico dita os nomes a serem escritos e o aluno em hipótese
silábica escreve.
Assim começa o primeiro conflito para os alunos do primeiro nível, que
ainda não associam a escrita à fala. A fala é associada à escrita em um
contexto real no processo de ditar para outra pessoa escrever.
Para os alunos que escrevem, surgem dúvidas e descobertas sobre como
escrever, quais e quantas letras usar, como escrever diferenciando nomes
de tantos colegas de turma. Hora de fazer perguntas sobre as letras que
iniciam, nomes com sons parecidos, sobre a quantidade de letras usadas,
entre outros questionamentos, e pedir que leiam, mostrando com o dedo
onde estão lendo.
Para completar e finalizar essa etapa, você pode oferecer as letras
móveis que compõem o nome escrito, para que os alunos comparem as
escritas e percebam diferenças e semelhanças. Depois, para validar a
atividade, ofereça a lista completa dos nomes para os alunos buscarem
aqueles que escreveram.
As
duplas não precisam necessariamente escrever toda a lista, ela pode ser
dividida. Cada dupla escreve pelo menos cinco nomes. Essa atividade
pode ser feita toda semana, com a escrita de outras listas.
Dá
trabalho! Exige atenção quase que individualizada, boas perguntas que
levem à reflexão e orientações para que escrevam da melhor maneira
possível.
Leitura de texto de memória
Para a atividade, é necessário organizar a turma em grupos de no máximo quatro alunos, da seguinte maneira:
2 pré-silábicos
1 silábico sem valor sonoro
1 silábico com valor sonoro
Proponha
a leitura de textos de memória. Para cada grupo, um texto diferente.
Podem ser parlendas ou músicas de brincadeiras, como "Pirulito que bate
bate", "Corre cotia", etc.
Escreva
o texto em cartazes, usando letras maiúsculas, e fixe-os na lousa. Para
os alunos, apresente o mesmo texto em frases separadas. A ideia é
confrontar conhecimentos de hipóteses nos grupos.
Primeiro, a turma toda brinca cantando ou recitando os versos. Depois você deve ler o texto do cartaz de cada grupo, mostrando onde está lendo. Faça isso algumas vezes.
Proponha,
em seguida, o desafio: montar os versos do texto na ordem correta.
Acompanhe cada grupo, fazendo questionamentos sobre as palavras, seus
sons que se repetem, frases que iniciam o texto. Peça que eles circulem
palavras em destaque, como pirulito.
Para
finalizar, cada grupo deve ler o texto para turma. Lembre-se que os
alunos já leem, mesmo ainda sem saber ler convencionalmente. Em
atividades como essas é que a leitura passa a ter sentido. Essa
atividade pode ser realizada toda semana. Você logo vai perceber a
evolução da leitura da turma.
São
atividades simples, mas muitas vezes, na busca de práticas inovadoras,
esquecemos que o básico é uma boa base de aprendizagem. Na semana que
vem, continuo falando um pouco sobre cada hipótese de escrita e que tipo
de atividade pode ser feita para elas.
Artigo escrito por: Mara Mansani
Hipóteses de escrita de alunos pré-silábicos e silábicos: como fazê-los avançar
Veja sugestões de práticas de leitura e escrita para os alunos avançarem na alfabetização inicial...
Uma
das tarefas mais difíceis na Alfabetização é planejar e produzir
atividades que possam atender alunos de diferentes hipóteses de escrita.
Isso se torna ainda mais desafiador diante de alunos pré-silábicos e silábicos sem e com valor sonoro, que estão no início do processo de Alfabetização.
Se não levarmos em conta a heterogeneidade
de nossas turmas, corremos o risco de oferecer atividades inadequadas,
que não contribuem para a progressão de sua aprendizagem, seja porque
são muito fáceis e não oferecem um desafio; seja porque são difíceis
demais e demandam mais esforço cognitivo. Devemos evitar atividades que
não levam em conta o que a criança pensa e como ela concebe a escrita em
sua fase de desenvolvimento.
Hipótese pré-silábica
Esses
alunos ainda não compreendem a correspondência entre o falado e o
escrito. Sua leitura é feita de forma global, com o dedo deslizando por
toda a escrita, de forma contínua. A escrita do aluno, nessa hipótese, pode ser grafada com letras, desenhos e outros símbolos.
Dentro dessa hipótese de escrita, os alunos inicialmente escrevem
sem se preocupar com a quantidade de letras e com que letras ou
símbolos deve escrever. Também não se preocupam com a diferença que
existe entre essas letras e símbolos. Depois, passam a pensar que para
escrever é preciso ter uma quantidade mínima de letras ou símbolos, com
variações, dentro da palavra, mas não entre uma palavra e outra. Quando
vai avançando dentro dessa hipótese, passa a pensar que, para escrever,
precisamos de uma quantidade mínima de letras ou símbolos, e que eles
têm variações dentro da palavra e entre uma palavra e outra.
Hipótese silábica
Os alunos que estão nessa hipótese passam por uma significativa evolução, pois compreendem que a escrita é a representação da fala e estabelecem
relação entre grafemas e fonemas, percebendo os sons da sílaba e
atribuindo a cada sílaba uma letra, que pode ou não ter o valor sonoro
convencional.
Com
Emília Ferreiro, passamos a compreender melhor a importância de se
propor a interação entre alunos em diferentes hipóteses, pois eles
aprendem e se desenvolvem a partir desse confronto, durante as
interações e nas relações estabelecidas em práticas de linguagem
significativas.
Nossa
prática educativa deve prever e oportunizar momentos para esses alunos
em diferentes hipóteses. Nosso foco deve ser no que eles já sabem, e não
no que eles ainda não sabem. Essas atividades devem ser organizadas e
desenvolvidas levando em conta os agrupamentos produtivos.
A
seguir, indico duas atividades que envolvem leitura e escrita para
alunos que se encontram nas hipóteses pré-silábico e silábico:
Escrita de lista: Nomes dos alunos da turma
Os
alunos devem escrever uma lista com nomes da turma. Eles serão
utilizados também para consulta na hora de etiquetar materiais
escolares. A atividade deve ser realizada em duplas. O aluno
pré-silábico dita os nomes a serem escritos e o aluno em hipótese
silábica escreve.
Assim começa o primeiro conflito para os alunos do primeiro nível, que
ainda não associam a escrita à fala. A fala é associada à escrita em um
contexto real no processo de ditar para outra pessoa escrever.
Para os alunos que escrevem, surgem dúvidas e descobertas sobre como
escrever, quais e quantas letras usar, como escrever diferenciando nomes
de tantos colegas de turma. Hora de fazer perguntas sobre as letras que
iniciam, nomes com sons parecidos, sobre a quantidade de letras usadas,
entre outros questionamentos, e pedir que leiam, mostrando com o dedo
onde estão lendo.
Para completar e finalizar essa etapa, você pode oferecer as letras
móveis que compõem o nome escrito, para que os alunos comparem as
escritas e percebam diferenças e semelhanças. Depois, para validar a
atividade, ofereça a lista completa dos nomes para os alunos buscarem
aqueles que escreveram.
As
duplas não precisam necessariamente escrever toda a lista, ela pode ser
dividida. Cada dupla escreve pelo menos cinco nomes. Essa atividade
pode ser feita toda semana, com a escrita de outras listas.
Dá
trabalho! Exige atenção quase que individualizada, boas perguntas que
levem à reflexão e orientações para que escrevam da melhor maneira
possível.
Leitura de texto de memória
Para a atividade, é necessário organizar a turma em grupos de no máximo quatro alunos, da seguinte maneira:
2 pré-silábicos
1 silábico sem valor sonoro
1 silábico com valor sonoro
Proponha
a leitura de textos de memória. Para cada grupo, um texto diferente.
Podem ser parlendas ou músicas de brincadeiras, como "Pirulito que bate
bate", "Corre cotia", etc.
Escreva
o texto em cartazes, usando letras maiúsculas, e fixe-os na lousa. Para
os alunos, apresente o mesmo texto em frases separadas. A ideia é
confrontar conhecimentos de hipóteses nos grupos.
Primeiro, a turma toda brinca cantando ou recitando os versos. Depois você deve ler o texto do cartaz de cada grupo, mostrando onde está lendo. Faça isso algumas vezes.
Proponha,
em seguida, o desafio: montar os versos do texto na ordem correta.
Acompanhe cada grupo, fazendo questionamentos sobre as palavras, seus
sons que se repetem, frases que iniciam o texto. Peça que eles circulem
palavras em destaque, como pirulito.
Para
finalizar, cada grupo deve ler o texto para turma. Lembre-se que os
alunos já leem, mesmo ainda sem saber ler convencionalmente. Em
atividades como essas é que a leitura passa a ter sentido. Essa
atividade pode ser realizada toda semana. Você logo vai perceber a
evolução da leitura da turma.
São
atividades simples, mas muitas vezes, na busca de práticas inovadoras,
esquecemos que o básico é uma boa base de aprendizagem. Na semana que
vem, continuo falando um pouco sobre cada hipótese de escrita e que tipo
de atividade pode ser feita para elas.
Artigo escrito por: Mara Mansani